Pesquisa da KPMG revela clima entre executivos sobre liderança, cultura e performance empresarial
Para 70% dos pesquisados, os líderes das empresas não são inspiradores
As noções de visão, valores e cultura corporativa não são seguidas por 91% dos líderes, de acordo com uma pesquisa da KPMG divulgada recentemente. Cerca de 170 executivos da área de recursos humanos responderam ao questionário online da entidade sobre a cultura das empresas de alta performance.
A pesquisa revela também que 70% dos pesquisados consideram que são poucos os líderes inspiradores, justos e capazes de estimular o desenvolvimento individual e das equipes. Apesar de parecer um resultado desanimador, para Patrícia Molino, sócia responsável pela área de People & Change da KPMG no Brasil, os números mostram que os profissionais participantes estão atentos a essas questões e são críticos o suficiente para encarar a realidade de frente. "As pessoas que participaram da pesquisa eram líderes também e não fingem que nada está acontecendo", afirma.
Causas
Para Patrícia, a pesquisa mostra, de fato, a realidade das empresas atuais. Segundo ela, desde a década de 90, as companhias têm sofrido grandes mudanças, que deixam as estratégias indefinidas e prejudicam a aplicação da visão e valores pelos líderes. Um dos fatores citados é a rotatividade maior de profissionais entre as companhias. "Antes, uma pessoa entrava na empresa e permanecia nela até se aposentar. Isso fazia com que ela absorvesse melhor a cultura e as estratégias, mas não é o que acontece hoje", diz.
Ela também aponta o maior número de jovens - e até de pessoas mais velhas - nas lideranças como causa do quadro atual, já que, cada vez mais, eles procuram desenvolver competências relevantes para sua própria carreira. "O profissional busca as habilidades para que ele cresça, não necessariamente procura o que a empresa precisa".
Outros pontos que contribuem para o não cumprimento da cultura organizacional são: colocar o orçamento em primeiro lugar; fazer mudanças periódicas nas estratégias e, com isso, diminuir a consistência dos valores da empresa; valorizar apenas os profissionais da gestão em detrimento dos conhecimentos técnicos. "Se as pessoas querem um salário maior, elas acabam indo para cargos de gestão, mesmo quando são muito bons técnicos. Isso faz com que algumas lideranças fiquem menos imbuídas nesse sentido", afirma.
Soluções
De acordo com Patrícia, para chegar a um resultado melhor do que o atual, as empresas precisam ficar atentas a três pilares: estratégia clara; liderança que cria sentido para o trabalhador; e confiança e compromisso da empresa. A comunicação em todos os níveis é um ponto relevante nesse processo. "Muitos líderes não ouvem. Para produzir bons resultados, os funcionários precisam estar mais focados, se sentir parte do grupo, entender o que é exigido deles". Segundo ela, a liderança precisa ter compromisso, propor uma missão inspiradora para que o trabalhador veja sentido no que está fazendo.
Isso requer que uma alta liderança alinhada à cultura da organização e um trabalho de liderança ligado também à média gerência. Patrícia também recomenda que os líderes identifiquem as contra-mensagens e contradições existentes entre discurso e prática de líderes. "Se a empresa diz que valoriza os funcionários, ela não pode demitir metade das pessoas quando passar por uma crise", afirma.
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