segunda-feira, 14 de junho de 2010

GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR - UM TRABALHO PARTICIPATIVO


Os processos intencionais e sistemáticos de se chegar a uma decisão e de fazer a decisão funcionar caracterizam a ação que denominamos gestã e é a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e técnicos administrativos. Nesse sentido, é sinônimo de administração. A direção é um princípio e atributo da gestão, mediante a qual é canalizado o trabalho conjunto das pessoas, orientando-as no rumo dos objetivos. Basicamente, a direção põe em ação o processo de tomada de decisões na organização, e coordena os trabalhos, de modo que sejam executadas da melhor maneiras possíveis. A organização e os processos de gestão, incluindo a direção, assumem diferentes significados conforme a concepção que se tinha dos objetivos da educação em relação à sociedade e à formação dos alunos. Por exemplo, numa concepção técnico-científica de escola, a direção é centralizada numa pessoa, as decisões vêm de cima para baixo, bastando cumprir um plano previamente elaborado, sem participação dos professores, especialistas e usuários da escola. Já numa concepção democrático-participativa, o processo de tomada de decisões se dá coletivamente, participativamente. A direção pode, assim, estar centrada no indivíduo ou no coletivo, sendo possível numa direção individualizada ou uma direção coletiva ou participativa, com base na Lei 5540/68, já revogada pela nova Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9394/96. Entre a formação e a atuação dos gestores, há um enorme descompasso, porque os cursos têm se mantido resistentes às mudanças na educação, que exigem repensar o ato de educar e pensar seriamente na educação continuada. Os gestores educacionais buscam orientações para seus problemas administrativos com colegas experientes ou aguardam “ordens” da Diretoria de Ensino, em vez de buscar soluções próprias, o que exigem maior conhecimento dos fatores envolvidos – capacidade de análise da situação e discernimento – que não foi propiciada na sua formação e nem na sua capacitação. As formas de seleção e de formação, assim como os regimentos escolares, não têm favorecido uma prática, administrativa eficaz. A escola, hoje, requer gestores dinâmicos, criativos, que propiciem a autonomia prevista na legislação. Assim, os gestores devem perceber as tendências de mudança, aprender a investigar, analisar e interpretar os novos desafios, devendo se beneficiar da própria experiência, da reflexão sobre a ação e dos avanços teóricos de sua área de conhecimento. Uma nova proposta de gestão educacional deve levar em conta: os desafios que se colocam à educação exigindo revisões constantes na formulação dos objetivos educacionais e as mudanças profundas na sociedade do trabalho em geral, alternando substancialmente o conceito de gestão educacional e as bases em que ela deve ser assenta. Formar o gestor para as mudanças e as exigências educacionais significa estudar a situação da escola e suas responsabilidades e a revisão de seu papel na sociedade atual. Para nós, o papel que o diretor deve ocupar neste momento difere em muito dos "ensinamentos" e orientações da UNESCO (Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas). Ao diretor escolar cabe romper com uma postura passiva e em certa medida banalizada de acatar todas as orientações vindas de cima (das delegacias, secretarias etc.) como se fosse um funcionário burocrático do sistema. Esse diretor deve enxergar a si mesmo como um representante de um projeto político-social de educação que passa pela ruptura com um sistema seletivo, excludente, e forjar uma gestão escolar mais aberta, arejada e direcionada para os anseios populares. Esse diretor precisa estar atento às manifestações interiores da escola, às questões concernentes à cultura escolar, ao pedagógico, ao educativo. Para isso, é necessário que não se deixe anular ou esgotar suas potencialidades como um profissional pedagogo que possui uma especificidade: conhece as questões relativas à educação. É necessário, portanto que esse profissional conheça a história das instituições educativas da sociedade, as diversas formas de organização e formação de processos educativos que transcendem, pois são anteriores, e ultrapassam a escola. É nesse sentido que compreendemos hoje a formação desse diretor de escola não mais como um pedagogo habilitado em administração escolar. Defendemos que sua formação seja também mais ampla, flexível e mais densa. O diretor ocupa uma posição peculiar, uma vez que pode legitimar para os pais muitas das medidas da instituição, assim como legitima para as instâncias superiores institucionais as iniciativas e ações do professorado (ou do professorado em ação conjunta com a comunidade). Por outro lado, tal posição também o coloca numa função de mediador das relações entre o professorado e os órgãos normativos e fiscalizadores do sistema educacional. Do ponto de vista do microssistema, ou seja, da unidade escolar, o diretor pode criar, permitir ou tolerar a abertura de novos espaços necessários à transformação do cotidiano escolar. A ação do diretor mostra-se, igualmente, fundamental na constituição da rede de relações e ações que constitui o tecido sócio institucional no qual o aluno se insere. O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de especialistas e de técnico-administrativos, atendendo às leis, regulamentos e determinações dos órgãos superiores do sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola assumidas pela equipe escolar e pela comunidade.

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