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sexta-feira, 25 de junho de 2010
GESTÃO PÚBLICA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Assim como o guru da Administração moderna, Michael Porter, conceituou, nos anos 80, as estratégias que têm marcado o planejamento das empresas no cenário de competição mundial, seja pela análise, entre outras, das cinco forças competitivas (rivalidade entre os concorrentes, poder de barganha dos clientes, poder de barganha dos fornecedores, ameaça de novos entrantes, ameaça de produtos substitutos), ou seja, pela análise das duas fontes genéricas de vantagem competitiva (produto diferenciado e baixo custo), um general chinês do quarto século antes de Cristo, chamado Sun Tzu disseminou o conceito de estratégia em seu livro A Arte da Guerra, com o qual ficou mundialmente conhecido. Neste livro, Sun Tzu ensina como obter êxito numa batalha. Seus ensinamentos têm sido aplicados nas mais diversas organizações, para que também possam sair vitoriosas nesta “batalha”, que é o mercado cada vez mais competitivo.
Dentre os vários ensinamentos deste general estrategista, ainda utilizados pelas organizações da atualidade, podem-se destacar as análises dos fatores internos e externos e respectivos cenários, capazes de influenciar o desempenho das organizações.
A análise dos fatores internos contempla uma auto-avaliação sobre os pontos fortes e fracos. Ao identificar os pontos fortes, as entidades otimizam seus recursos, aplicando-os nas estratégias definidas que a levarão a cumprir as suas metas e objetivos. Da mesma forma, é preciso identificar os pontos fracos para minimizar os seus efeitos ou até eliminá-los. Sobre estas variáveis identificadas, a organização tem o controle direto podendo agir internamente para reverter qualquer situação adversa que possa prejudicar sua atuação.
A verificação dos fatores externos significa identificar ameaças que possam afetar a atuação da organização e oportunidades que podem ser trabalhadas para se obter um resultado melhor. Ao contrário das variáveis internas, não se tem controle direto sobre essas variáveis externas; elas surgem ou surgirão, de uma forma ou de outra. Esta análise tem o objetivo de mitigar o impacto que as ameaças identificadas podem trazer internamente e as oportunidades possam ser aproveitadas, ao máximo, para auferir melhores resultados.
É com essa visão de gestão flexível às mudanças, planejada estrategicamente, que as empresas brasileiras abandonaram o planejamento tradicional, marcado pela perspectiva determinista, e estão enfrentando a concorrência no mercado globalizado, buscando meios de serem competitivas não apenas entre si, no mercado interno, mas competindo de igual para igual no cenário mundial, adaptando-se à máxima da produção com qualidade do “melhor produto, com o menor preço, entregue no menor espaço de tempo com segurança”.
Seguindo a trilha do setor privado, o setor público começa a utilizar os instrumentos de planejamento e gestão em suas atividades, para melhor gerir os recursos públicos, tão escassos. Além de definir as estratégias e identificar todas essas variáveis, as quais, na gestão pública, são muito mais complexas, pela presença, quase incontrolável, do componente político, o planejamento estratégico permite projetar ações a serem realizadas a longo prazo. Não se trata aqui do planejamento obrigatório e por lei que é feito através do PPA (Plano Plurianual), que não se presta ao papel de gestão mais dinâmica.
Com essa ferramenta de gestão o órgão público deixa de trabalhar somente de forma operacional, executando tarefas rotineiras, “apagando incêndios”, e passa a ter um olhar para o futuro, induzindo os seus colaboradores a trabalharem na mesma direção, com o mesmo foco. No Planejamento Estratégico são definidos objetivos e metas a serem alcançados num prazo estipulado, e identificado o responsável pelas ações a serem implementadas para o seu cumprimento. Dessa forma, o planejamento estratégico propicia um foco comum para a atuação institucional e surge como alternativa aos problemas e a estagnação de programas e projetos muito comuns no setor público, possibilitando o surgimento de soluções contra o desperdício de tempo, de recursos humanos e materiais e vislumbrando uma nova forma de atuação, mais propositiva e menos reativa.
Ressalte-se que, apesar de iniciativas louváveis em alguns órgãos e instâncias de governo, o planejamento estratégico no setor público ainda é, infelizmente, uma exceção nos Estados e municípios, cujas culturas de gestão são, em sua maioria, do voluntarismo imediatista sem visão de futuro que reage aos problemas quando surgem, e não na sua prevenção.
Mais do que no setor privado, as ações, quando planejadas no setor público, são realizadas com menor custo, maior qualidade, atingindo com maior eficácia o objetivo proposto. Nesse sentido, o planejamento estratégico, quando bem orientado, com a participação de gestores estratégicos e operacionais em todas as suas fases, e executado com a metodologia adequada, torna-se uma ferramenta fundamental para um novo modelo de gestão pública onde prevalecem os princípios de gestão orientados para o atendimento das demandas dos cidadãos.
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